"há sempre um tempo antes do tempo"
Pepetela

Mas eu que não tenho memória de Paraísos Perdidos
Nem busco Terras Prometidas
Recuso a ideia de Deus,
essa divindade cruel e caprichosa,
sem motivo convincente
que permite neste mundo o supremo escândalo
de crianças com fome,
crianças que sofrem e morrem

Defronto esse absurdo
“abismo sem fim, colocado diante do ser humano.”
Estarei sempre do lado dos outros
declarar o meu inconformismo
face à impotência humana contra a morte.

A minha meta é o presente, aqui e agora
O passado, são águas passadas. Que enterre os seus mortos.
O futuro trará os seus cuidados
Não me pertence. Não me pertencerá

Esse o meu compromisso com a vida.
A minha liberdade de escolher
os meus caminhos
Os meus rios.
A liberdade de recusar adiar a hora de viver.

Não evito o presente

Manuel C. Amor
Autor:
Manuel C. Amor
Nome Completo:
José Manuel Couto Amor
Género Literário:
Poeta
Profissão:
Enfermeiro
Nascimento:
08 de agosto de 1946, Socorro, Lisboa, Portugal
Falecimento:
03 de outubro de 2020, Horta, Faial, Açores, Portugal