Manuel C. Amor, criptónimo de José Manuel Couto Amor, fundador do portal Lusofonia Poética, nasceu no ano de 1946 em Lisboa. Viveu "auto exilado" na cidade da Horta, ilha do Faial, Açores. Começou a escrever muito cedo, (aos seis anos na escola primária) mas só publica o seu primeiro poema em 1965 em Luanda na Revista Trópico.

Manuel C. Amor, poeta angolano
Nome Completo: José Manuel Couto Amor
Género Literário: Poeta
Profissão: Enfermeiro
Nascimento: 08 de agosto de 1946, Socorro, Lisboa, Portugal
Falecimento: 03 de outubro de 2020, Horta, Faial, Açores, Portugal

Cedo, ainda bebé, atravessou o Equador a acompanhar os seus pais, na sua fuga para o Sul em busca da sua Terra Prometida. Desembarcaram no Lobito, que pelos vistos era a Terra Prometida para os seus e que por simpatia ou obra do acaso, viria a ser a sua Terra por corte umbilical com a sua terra de nascimento e por arrasto com as suas origens.

Criança ainda, a caminho do colégio, deparava-se frequentemente com colunas de mulheres, seminuas da cintura para cima, algumas com crianças nas costas, amarradas da primeira à última pela cintura por uma corda, todas elas com quindas à cabeça, cheias de pedra e ou terra com que tapavam os buracos da estrada, caminhando em fila indiana, vigiadas por um homem negro como elas, com um chicote nas mãos.

Essa foi a primeira imagem verdadeiramente marcante na sua infância e que sempre o acompanhou…

Aos dez anos mudou-se comos seus pais para Luanda, onde começou a frequentar o Salvador Correia, onde veio a ser contemporâneo de, entre outros, Samuel Aço, Raúl Feio, Guilherme Espirito Santos e David Mestre, (com este inicio um longo percurso de vida repleto de verdadeiro amor/ódio, que durou até ao seu falecimento em 1997)

Por volta dos quinze anos tomou contacto com uma antologia de poetas de Angola onde constavam, entre outos Agostinho Neto, Alda Lara, Viriato da Cruz, Antero Abreu, António Jacinto e outros. Por essa altura entrou igualmente em contacto com a obra de Jorge Amado e com os Poetas Portugueses José Gomes Ferreira (que me irá marcar em definito) Ruy Belo, Mário Cesariny de Vasconcelos e Cruzeiro Seixas, Manuel Alegre entre outros, tendo contactado com Luandino Vieira e António Jacinto e outros, no Restaurante Monte Carlo, no bairro do Café em Luanda.

No final dos anos sessenta nos Açores, onde prestava serviço como militar da Força Aérea Portuguesa, entrou em contacto com uma célula clandestina do Partido Comunista Português, dando início à sua formação ideológica.

Regressou a Luanda nos primeiros anos de setenta quando participou nas atividades da tertúlia «Poesias-Hoje» fundada e gerida pelo David Mestre, começando a publicar os meus primeiros poemas, ( Revista Trópico;  ABC, A Província de Angola).

“Forçado” pelo David Mestre, publicou em 1971 um caderno “Na Rota do Quinaxixe” (edição do autor, cujo rasto dos seus últimos três exemplares acabou por perder em 1972 quando foi detido pela DGS (Direção Geral de Segurança).

Após terminar o curso de enfermagem, foi trabalhar para o Hospital São Paulo em Luanda onde aliciado pelo seu colega e amigo Enfermeiro Manuel Bento, iniciou a sua atividade clandestina de militância anticolonialista e independentista de Angola.

Depois de ter sido detido pela DGS, foi transferido para o Distrito Sanitário do Uíge e colocado no Posto Sanitário do Béu Comercial, (Maquela do Zombo) onde foi apanhado pelo 25 de Abril de 1974.

Por questões de segurança regressou a Carmona e passo a integrar a “Comissão de instalação do MPLA” e do “Grupo de Acção Pró MPLA, do Hospital de Carmona,” do qual faziam parte camaradas como Dina Stela, Guilherme Espírito Santo, Bravo da Rosa, Viegas e outros. Filiou-se no MPLA em Julho/Agosto 1974 e passou a fazer parte da direção da região do Uíge como responsável pelos assuntos da saúde, sob direção do camarada Manuel Quarta Punza.

De regresso a Luanda depois da ocupação da cidade de Carmona (Uíge) pela FNLA, integrou nas FAPLA, e conjuntamente com os camaradas Kassessa, Raúl Hendrick, Catiana e outros, participou na criação e organização dos SAMM (Serviços de Assistência Médica Militar) das FAPLA, tendo avançado para a Frente Centro (Kibala) e posteriormente para a Primeira Região, (Uíge) onde assumiu funções de direção pelos SAMM.

Em 1985 sai das FAPLA e regressou ao Ministério da Saúde, desenvolvendo várias atividades e funções nos Cuidados Primários de Saúde, tanto ao nível Central como provincial: Uíge e Huíla.

Em 1997, por questões de saúde e familiares regressou a Portugal. Em 2010  “auto-exilando-se” na cidade da Horta na ilha do Faial (Açores), onde trabalho como enfermeiro no Centro de Saúde da Horta reformando-se em 2017.

Faleceu no a 3 de outubro de 2020 na cidade da Horta, vitima de complicações cardíacas.

Pulicações

Sem nunca ter feito da escrita a sua actividade principal ,tem poesia dispersa por vários jornais e revistas e está representado em diversas antologias de poesia, destacando-se:

  • "Canto de Diáspora" Vozes de Angola, Coimbra, 2013, Temas Originais Lda.
  • "Despolarização ou o Diário dos Dias Brancos" - Coimbra, 2009, Temas Originais Lda
  • Edições II,III, IV, V, e VI da Antologia de Escritas, com coordenação do poeta José Félix;
  • Antologia Poética Amantes das Leituras 2008, Edium Editores,
  • "A Metáfora das Asas" - Porto, 2008, Edium Editora
  • 2ª Antologia Poética-Literária – Edição Histórica – Associação Virtual Brasileira de Letras (ABVL), 2006
  • "Na Rota do Quinaxixe" - Luanda, 1971, Edição do autor (esgotado)