A Anta, o olho de água,
o céu aberto, todo o vento,
querem dizer a terra.
O coração, como a pedra,
salientam o sal.
Todos os dias se abrem assim,
na voz quente das gentes,
querendo viver, querendo o ar.
E das fragas das serras dos Candeeiros e d’Aire
chega com o vento a canção.
Saudades do tempo ido,
esperança desesperançada
do amanhã incerto, outono vindouro,
tempo de vindimas,
alegria deste povo.
Por fim, um verbo escapa da boca,
não tem palavra,
não se encontra no dicionário,
Vive nos montes
vem nos ventos.
Há um poeta que o ousa escrever
e só consegue dizer: Começar!
(Re)começar é importante:
olhos enxutos,
pés, bem firmes na terra.
Não há vendaval que dobre a oliveira
nem tempestade que mate o pinheiro.
Mesmo a noite mais enegrecida
traz sempre uma aurora.