Francisco José Tenreiro, poeta de são tomé e princepe
Nome Completo: Francisco José Tenreiro
Género Literário: Poeta
Profissão: Geógrafo
Nascimento: 20 de janeiro de 1921, São Tomé, São Tomé e Príncipe
Falecimento: 31 de dezembro de 1963, Lisboa, Portugal

Francisco José Tenreiro, geógrafo por formação, usou a poesia para exprimir a nova África, já não a dos postais ilustrados e dos povos, plantas e animais exóticos, mas a de um novo tempo, marcado pela fusão de culturas nativas.

Veio, para Lisboa ainda bastante novo, numa altura em que nos Estados Unidos e na França se ouviam as novas vozes dos intelectuais negros a reclamarem os direitos e a proclamarem a identidade dos povos africanos. Tenreiro enquadra-se nesta corrente.

Também ele viveu para exaltar a cultura da sua terra natal, se bem que não renegando certos valores adquiridos com a colonização. Por isso, mais do que o poeta da negritude, assume uma postura de defesa de todas as minorias étnicas, como é visível no poema "Negro de Todo o Mundo". A sua poesia exalta o homem africano na sua globalidade, ou seja, a diáspora africana que se propagou por todos os cantos do mundo.

Publicou a sua primeira obra – Ilha de Nome Santo – na colecção coimbrã "Novo Cancioneiro", integrando-se na corrente neo-realista que então surgia em Portugal. Poeta da mestiçagem, do cruzamento de culturas e de vozes, escreve, na "Canção do Mestiço", "nasci do negro e do branco / e quem olhar para mim / é como se olhasse / para um tabuleiro de xadrez", continuando "E tenho no peito uma alma grande, / uma alma feita de adição". É nessa adição que reside a diferença.

Tenreiro não apela a um retorno às origens africanas mas ao respeito das pessoas de todas as cores, de todas as tradições. A sua voz é verdadeiramente a voz do exílio, por um lado, e do entrecruzamento das culturas e das raças, por outro.

Em 1953, juntamente com o angolano Mário de Andrade, publica, em Lisboa, Poesia Negra de Expressão Portuguesa, uma antologia de textos de novos intelectuais africanos.

O próprio nome era já provocação: a africanidade implicava a desestruturação da portugalidade, o que, numa época de ditadura, era no mínimo arriscado fazer. É a busca de uma nova consciência africana.

Em 1962, Tenreiro concluiu o seu segundo livro de poesia, Coração em África, que já não viu publicado, por ter falecido no ano seguinte.

Pulicações

  • Ilha do Nome Santo, "Novo Cancioneiro", Coimbra, 1942;
  • Obra Poética de Francisco José Tenreiro, 1967;
  • A Ilha de São Tomé-Estudo Geográfico, Lisboa, 1961

Referências Biográficas

In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-02-21].