De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Vinícius de Moraes, poeta
Autor:
Vinícius de Moraes
Nome Completo:
Marcus Vinicius de Moraes
Género Literário:
Cronista e poeta
Profissão:
Advogado, diplomata
Nascimento:
19 de outubro de 1913, Gávea, Rio de Janeiro, Brasil
Falecimento:
09 de julho de 1980, Rio de Janeiro, Brasil