AR
poema é raiz
que em silêncio cresce
sopro sem nenhum alarde
como se o ar para existir
precisasse da absoluta urgência da tarde
poema é fome
que a pedra arranha
na lâmina que dita o corte
como se a vida para existir
precisasse da absoluta urgência da morte
poema é feito novelo
olho noturno
desterro
como se a sombra para existir
precisasse da absoluta urgência do espelho
poema é susto
risco de rio lento
como se o poema para existir
se dissolvesse no vento