A poesia, a mais libertina das artes,
dá cambalhotas, dança no trapézio,
veste andrajos nos salões.
Só tem por limite o ilimitado.
Não tem arestas nem se prende à circularidade.
salta sobre as muralhas do jardim de Apolo.
A Dionísio faz curvas, cerimonioso.
tem de Narciso o inatacável riso.
O lampejo fluido da música
e a concretude da iconografia.
Alimenta-se da experiência
e quanto toca em si transforma.
Bebe a luz do nada e vibra nas cordas da essência,
em ressonância de nervos e neurônios.