Uma paisagem triangular com vitoriosos cães de briga
galga o alcatrão branco da língua.
Cântico litúrgico de longos rios submarinos.
Seguro-me de pé ao varão de sal vivo.
As coisas não acontecem por acaso
nem este tic-tac do sangue minúsculo na ponta
dos dedos do mar nem esse brique-a-braque do lazer preciso
da luz verde aborígene em cada olhar de alga.
Algo me diz que um dia ainda me evaporo
no dorso fundo das areias. Serei um conto hípico
sem bátegas de água à cabeça
um olhar de peixes muito pretos
como a origem da humanidade.
Hei-de calar então todos os anúncios
sobre como estar na terra sobre como
reduzir a pó o preço das lavandarias da alma
e ser o sexo sujo de espuma e de paixão
de um anjo na orla da praia.