<p>Sinto o som do batuque nos meus ossos,<br />o ritmo do batuque no meu sangue.<br />É a voz da marimba e do quissange,<br />que vibra e plange dentro de minh'alma,<br />- e meus sonhos, já mortos, já destroços,<br />ressuscitam, povoando a noite calma.</p>
<p>Tenho na minha voz ardente o grito<br />desses gritos febris das batucadas,<br />nas noites em que o fogo das queimadas<br />parece caminhar para o infinito...<br />E meus versos são feitos desse canto,<br />que o vento vai cantando, em riso e pranto,<br />quanto o batuque avança desflorando<br />o silêncio de virgens madrugadas.</p>
<p>Músicos negros, colossos,<br />e negras bailarinas, sensuais,<br />tocam e dançam, cantando,<br />agitando meus impetos carnais.<br />O batuque ressoa-se nos ossos,<br />seu ritmo louco no meu sangue vibra,<br />vibra-me nas entranhas, fibra a fibra,<br />sinto em mim o batuque penetrando<br />- e já sou possuido de magia!</p>
<p>A batucada tem feitiço eterno.<br />O batuque de dor e de alegria,<br />que sinto no meu ser, dentro de mim,<br />nunca mais tera fim,<br />nem mesmo alem do Céu e além do Inferno!</p>